Valores e Relíquias

AMOR DE MÃE

  • Fizeram tantas canções
  • Escreveram tanta poesia
  • Semearam-se ilusões
  • Num amor de fantasia
  • Mas há-de chegar um dia
  • Que nos vai dizer alguém
  • Já basta de fantasia
  • E honre o amor de Mãe
  • Amor que não voa nas asas do vento
  • Que nos dá força e alento
  • E nos ajuda a viver
  • Fiel até morrer
  • Ó Mãe do meu coração
  • Eu sou teu tu és minha
  • Terás a minha gratidão
  • Quanto mais fores velhinha
  • Ò santa! Ò raínha!
  • Hei-de amar-te sempre… sempre
  • Porque sofreste tanto coitadinha
  • Quando saí do teu ventre
  • O teu amor é permanente
  • Tratas-me com mil carinhos
  • Mal eu fico descontente
  • Cobres-me com beijinhos
  • Fizeste-me tantos fatinhos
  • Antes de eu vir ao mundo
  • Asseados e branquinhos
  • Com o teu trabalho fecundo
  • Na amargura ou tristeza
  • Por vezes não há ninguém
  • Mas há sempre concerteza
  • O amor da nossa Mãe
  • Amor que não voa nas asas do vento
  • Que nos dá força e alento
  • E nos ajuda a viver
  • Fiel até morrer

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MÃE

Ó mãe, querida mãe!

Gostava tanto de ti.

Fizeste-me tanto bem

Desde a hora em que eu nasci

Ao teu peito eu cresci

Nesse colo tão fofinho

Criaste-me com o teu leitinho

Mas um dia te perdi

A última vez que te vi

Beijei-te com fervor

Já não sentindo o calor

Foi quando te perdi

E ficaste ali

Na terra fria

Deixando a casa vazia

Onde eu nasci

Onde contigo vivi

Num amor fraternal

Agora viverei sem ti

Adeus até ao juízo final.

José Carapito

Feira das Tradições

Tal como foi prometido, a nossa freguesia esteve representada na feira das tradições que decorreu nos dias 12,13 e 14 de Fevereiro último, sob o tema ” brinquedos tradicionais e actividades económicas”



sem ufanismos, sem falsas pretensões, apenas com a certeza de ocupar o lugar que nos é devido por direito.

Da apresentação em si, apenas temos a certeza de a ter feito com amor e carinho, procurando colocar o nome da nossa freguesia  ao mesmo nível das demais.

Agradecemos, isso sim, a todas as pessoas que nos deram o prazer da sua visita, na esperança de que o nosso trabalho os tenha agradado

Sobre o tema “brinquedos tradicionais” criámos as seguintes quadras alusivas aos mesmos:

  • Brinquedos da nossa infância,
  • Que preciosos que eram
  • Para nós simples crianças,
  • Que felizes nos fizeram.
  • Jogas, macaca, pião
  • Bonecas e bolas de trapos
  • Feitas pela nossa mão
  • Com carinho e alguns afagos.
  • Jogar as “jogas” era bom
  • Com cinco pedras pequenas
  • As unhas é que sofriam
  • Sem que pudessemos olhar
  • Atirando uma ao ar
  • Chegando ” ao qual me dás”
  • Que difícil se tornava
  • Pois quando as espalhávamos
  • parecia que mesmo elas
  • Queriam fugir da jogada
  • E o jogo do anel
  • Que andava de mão em mão
  • Aqui entrava o Manel
  • Que era um grande espertalhão.
  • Conseguia escondê-lo
  • Deixando-o cair ao chão
  • Para poder conseguir
  • Um grande chi-coração.
  • Bonecas de trapos, que lindas!
  • Que trabalhão a fazê-las
  • Roubando os panos mais finos
  • Às nossas mães para tê-las.
  • Fazíamos batizados
  • Convidando as amigas
  • Até havía comadres
  • Era muito divertido.
  • Chegávamos a ir à igreja
  • Sem o senhor Padre ver
  • Na pía da água benta
  • Sua cabeça embeber.
  • A macaca que difícil!
  • Ter de andar ao pé coxinho
  • Saltar de casa em casa
  • E não poder descansar
  • Para a “calha” apanhar.
  • Havia a casa do descanso
  • Mas para lá chegar
  • Tinhamos que suar
  • E apanhar o balanço.
  • O pião e a baraça
  • Não se podem separar
  • Ele sem ela não dança
  • Que gosto vê-lo dançar.
  • O pião que habilidosos
  • Eram aqueles amigos!
  • Conseguiam feitos famosos
  • Partindo ao meio os piões coloridos.
  • Para haver competições
  • Nas voltas que ele dava
  • Faziam rodar o pião
  • Zunia e nunca mais parava.
  • Bolas de trapos que giras
  • Havia sempre cuidado
  • Com enrolar bem as tiras
  • E cobrí-las com forrado.
  • Umas eram feitas de lã
  • Outras de trapos fininhos
  • Escondendo da mamã
  • A obra feita com carinho.
  • Bola de trapos que engano!
  • Não era esse  seu nome
  • Era “a péla” de todo o ano
  • Chamada assim ora toma.

Memórias Linguísticas

Palavras do Antes e do Agora.

Tudo o que o fumo das lareiras acesas de Inverno deixa adivinhar, não passa de um aglomerado de pedras cinzentas, de cristais de granito enegrecidos pelo tempo.

As pedras das casas fazem desenhos, abraçam-se, separam-se e partem, para nascerem outras, mais pequenas, parte integrante das maiores.

Se mergulharmos no gris que as veste, podemos ler as histórias de quem as habitou. A sua delineação é sempre diferente, como desiguais foram as vidas das gentes, suas hóspedes.

As escadas cheiram a passos de quem veste a samarra do domingo e enverga o capote e sai para a apanha da azeitona. Ouve-se o tilintar do rude ferro das panelas. Ainda goteja vida de outrora nesta terra. E o fumo que se esbate e se dilui no céu parece ser o mesmo que antes se espantava das fogueiras, para guardar as lágrimas.

E se as casas se mantêm, também palavras se soltam. Palavras do antes e do agora. Mais raras, igualmente mágicas. Que espreitam nas frases, de mansinho,” estou mais desacreçoada” ou irrompem violentas no discurso “cala-te seu… galfoneiro!”

E algures nas vossas memórias de infância, muitas destas palavras se escondem, às quais podemos dar rosto.

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Interessante sugestão de uma conterrânea que para já prefere ficar anónima, mas que nos desafia a desvendar as palavras  ou as expressões que fazíam parte do dia a dia do relacionamento das pessoas, no tempo dos nossos avós e dos nossos pais.

Podemos construir com a participação de todos, uma colectânea de palavras e frases pitorescas, que certamente tornarão mais rico o acervo cultural da nossa aldeia.

Contamos com todos para  enriquecer as nossas…

Memórias Linguísticas

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“cala-te seu … galfoneiro!”

“estou mais desacreçoada”

Terra de Poetas…

Valores e Relíquias

  • Passados que são 12 anos da sua publicação, é com orgulho que lembramos hoje o acontecimento. Em homenagem ao seu autor e conterrâneo, o senhor José Augusto Carapito, com o qual ainda temos o privilégio de conviver, será transcrito semanalmente neste sitio, um dos poemas do seu livro, até à sua completa divulgação.
  • Convictos de expressar os sentimentos dos eufemienses, damos-lhe os parabéns e muito obrigado.

Valores e Reliquias

PREFÁCIO

Não é a primeira vez que escrevo sobre José Augusto Carapito.
Não sei se vou fazê-lo, desta feita, sob o poeta, o homem, o agricultor, o comerciante, o ex-emigrante, o apaixonado pela terra, pela família,pelos princípios e pelos amigos.
Veremos…
Conheço-o à vários anos, sempre lutando por aquilo em que acredita: quer seja a idolatrada Ermida da Senhora das Fontes; quer sejam as velharias de que os campos do termo da sua aldeia, são ricos; quer seja a forma como os homens deveriam governar a sua aldeia.

Por entre os afazeres de agricultor, faz rimas, construídas de sentimentos patrióticos, religiosos, saudosistas, ou clubistas (Benfica, Benfica…).

A caminho dos setenta anos, entendeu ser tempo de completar a trilogia “de plantar árvore, ter um filho e escrever um livro”. Ele aqui está , é este… Chamou-lhe, “Valores e Relíquias”. Criou-o com carinho, carregou-o com amor.

Com o mesmo amor com que nos disse que “vou juntar toda a família no dia do lançamento deste livro”. É que José Augusto Carapito recorda, na sua poesia, os valores morais da sua formação; a família; a mãe; a religião, a comunidade rural; a natureza, com que convive e vive, em harmonia, todos os dias de uma vida.

Não é um poeta que se prenda a regras. Exprime-se com ardor, “como sai”, quando ferido ou feliz. A sua infância e a perda de alguns entes queridos é patente na sua poesia.

José Carapito remata, com este livro, um percurso de vida interior, rico em valores por que sempre se norteou.

Para o autor que soube caminhar e construir esta obra, que abro, vai um forte abraço de parabéns.

Maia Caetano

Fevereiro de 1998.

VALORES E RELÍQUIAS

VERSOS DE JOSÉ AUGUSTO CARAPITO

Chegou-nos às mãos uma colectânea de versos da autoria de José Augusto Carapito, que lemos com interesse.

Sendo o autor, como se deduz, um poeta popular do concelho de Pinhel, a leitura que fizemos deixou-nos a certeza de que não se trata dum “poeta expontâneo”, mas alguém que sabe exprimir com algum “engenho e arte”: os sentimentos, a sedução do belo e amor às coisas interessantes que a Natureza põe à disposição do ser humano.

Lê-se com agrado esta colectânea de versos que enaltecem a temática das coisas que falam à alma de quem conhece e vive o edílio da simplicidade, no ambiente e na paisagem mater da região ou da localidade em que se nasceu e se vive.

Daí o autor enaltecer o encanto que lhe oferecem o património e a verdade daquilo que cria um espirito sensível à inspiração, que traz a poesia simples do lirismo fascinante. Poeta popular, escreve os seus versos sem algumas das fundamentais regras dos géneros literários, mas nem por isso deixa de ter reconhecidos méritos. Damos-lhe por isso os parabéns.

Virgílio Afonso

Janeiro de 1998.

DEDICATÓRIA

Dedico este simples trabalho aos meus pais, em especial à minha mãe e a todas as outras mães do mundo e ainda áqueles que com o seu saber e talento fizeram de Portugal mais culto, próspero e fraterno, e ainda aos amigos que me incentivaram a fazer este livro.

José Carapito

VALORES E RELÍQUIAS

Quero com este meu livro prestar homenagem aos valores por mim defendidos:

  • O sentimento de amor e gratidão à mãe que para mim merece todas as honras que os homens lhe possam prestar.
  • O sentimento de Português, revisto em Camões como símbolo da nossa civilização e cultura.
  • A natureza que os homens tanto maltratam no dia a dia.
  • A vivência diária.

Assim, a razão do meu título “Valores e Relíquias”, pois estas no esquecimento são ofensas ao passado e ao presente.

José Carapito

GRATIDÃO DE BEIRÃO

  • Sou do extremo da Beira
  • Não sou arraiano
  • Venero o hino e a bandeira
  • É a coisa que mais amo
  • Nasci numa casa térrea
  • Que já não existe
  • Ó querida mãezinha
  • Foi aí que me paríste
  • Que ao lembrar-me fico triste
  • Foi na casa da pedreira
  • Acendias lá o lume
  • Mas não tinha lareira
  • Passaste tantas canseiras
  • Para tantos filhos criar
  • Mas nas suas fileiras
  • Deus deu-te um lugar
  • Estás no céu que ganhaste
  • Foi nobre a tua missão
  • E nunca mais abalaste
  • Do meu coração
  • Deste filho que é Beirão
  • Desta terra abençoada
  • Cheio de gratidão
  • Pela coisa mais sagrada
  • De alma apaixonada
  • De valores tão reais
  • Nela para sempre gravada
  • A memória de meus pais

José Carapito

15ª Feira das tradições

Nos dias 12, 13 e 14 de Fevereiro de 2010 terá lugar nas antigas instalações da fábrica ROHDE, a 15ª edição da FEIRA DAS TRADIÇÕES E ACTIVIDADES ECONÓMICAS do concelho de PINHEL.

É uma edição particularmente dedicada aos brinquedos tradicionais

A nossa freguesia, numa iniciativa da Junta, vai estar representada numa barraquinha. Além dos brinquedos tradicionais expostos, poderemos fazer uma visita pela aldeia, através de uma apresentação fotográfica.

Não faltarão os bolos de ovos e as bolas doces, ícones importantes da nossa gastronomia tradicional, bem como o soberbo azeite que se produz na nossa região.

Veja a programação:

Não deixe de comparecer!

Divirta-se.

Abrindo Caminhos

Seria 2009 o fim de um cíclo dificil?

As noticias que os media nos fazem chegar diariamente, apontam para um prolongamento das dificuldades sem fim à vista, pondo à prova a nossa impaciência e a criatividade dos responsáveis pelos destinos da freguesia.

Em Dezembro de 2009, o Inverno mostra que ainda está vivo, dando-nos chuva em abundância como à muito não se vía por aqui.

Pequenas intervenções como esta mostram o caminho a seguir, mas é preciso mais, senão os caminhos transformam-se em rios ou, quem sabe, em grandes lagos.

Em oposição à conhecida falta de recursos, a Junta de Freguesia aposta na recuperação dos caminhos agrícolas e com alguma dinâmica vai conseguindo apresentar resultados:

Iniciativas como a do Sr. Alberto Joaquim, que aqui encontrámos a limpar a estrada junto aos seus terrenos e do Sr. Porfírio Monteiro, que com o conhecimento e aprovação da Junta, limpou o caminho da Santa Bárbara, (sabiam que era assim tão largo?) dão-nos a certeza de que Santa Eufêmia será bem melhor, se todos assumir-mos as nossas responsabilidades.

Janeiro de 2010 chegou com ameaças de mais dificuldades. Apresentou-se com neve, pôs o teimoso a correr (um acontecimento invulgar nas últimas décadas ) e despejou montes de paralelos pelas  ruas.

Foi colocado um sentido proibido na estagnação

e a obra adjudicada no exercício da Junta anterior começou a andar.

Finalmente começou a fazer-se justiça ao bairro da Quintã e por consequência, Santa Eufêmia torna-se mais linda.

PARABÉNS!